Entusiasmado hoje, amanhã decepcionado,
depois a volta para a mesma euforia, caindo em seguida em funda depressão.
Oscilando dessa forma, perdia oportunidades de trabalho, os amigos notavam e só
faltava coragem para ir ao médico - um psiquiatra. Foi. Não demorou quinze
minutos e o diagnóstico estava pronto: o senhor é bipolar. Foi um alívio
enorme. Durante muito tempo ele acreditou que o mundo fosse assim mesmo. Então,
tomou remédios adequados, de tarja preta, e sentiu-se melhor por uma semana.
Mas os sintomas voltaram, com aporrinhações num dia e alegrias no outro. O
médico aumentou a dose e foi pior. A alegria e a tristeza foram embora e todos
os dias ficaram iguais, nem ruins nem bons, uma vida mais ou menos. O homem retornou
ao consultório: doutor, devolva minha doença.
Tive uma grande idéia para um livro de
ficção científica, mas como a idéia é muito boa, resolvi correr atrás da
patente. Nada de livro. Caso escrevesse, o produto seria copiado, fabricado,
vendido e muita gente encheria o cu de dinheiro às minhas custas. A idéia é boa
mesmo. Pena que não posso contar, mas posso dar uma idéia, por cima, sem
detalhes técnicos; e também não posso dizer para que serve, pois serve para
muitas coisas, dependendo do cliente. Não é para pegar, mexer, ligar ou
desligar. Não está muito na cara, entende? Só sei que é preciso, não falha,
percebe e age. Não é vivo, mas está perto disso. Não, não é sólido. Nem líquido
nem gasoso.
Ela tinha olhos de quem havia chorado. Com
uma cópia da chave, entrou pela porta da frente e minutos depois voltou com
duas malas. Foi embora no mesmo táxi que veio.
Fiquei olhando, por uma brecha da garagem, todo o desenrolar da cena. Nem
parecia que era comigo.
O carnaval é uma festa democrática, todos
podem participar. Eu sou pobre, muito pobre, mas não gosto de Pitu em lata nem
de ficar pedindo goles de cerveja a desconhecidos. Minha festa é olhar, do lado
de fora, o movimento dos camarotes, com suas mulheres bonitas e todos os
bacanas de fitinhas no pulso. Belas fantasias, maquiagem, espumantes à mão,
coxas de fora e um lounge para descansar. O carnaval é uma festa democrática,
todos podem participar: ricos e pobres com imaginação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário