sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Personagens desnecessários






Entusiasmado hoje, amanhã decepcionado, depois a volta para a mesma euforia, caindo em seguida em funda depressão. Oscilando dessa forma, perdia oportunidades de trabalho, os amigos notavam e só faltava coragem para ir ao médico - um psiquiatra. Foi. Não demorou quinze minutos e o diagnóstico estava pronto: o senhor é bipolar. Foi um alívio enorme. Durante muito tempo ele acreditou que o mundo fosse assim mesmo. Então, tomou remédios adequados, de tarja preta, e sentiu-se melhor por uma semana. Mas os sintomas voltaram, com aporrinhações num dia e alegrias no outro. O médico aumentou a dose e foi pior. A alegria e a tristeza foram embora e todos os dias ficaram iguais, nem ruins nem bons, uma vida mais ou menos. O homem retornou ao consultório: doutor, devolva minha doença.



Tive uma grande idéia para um livro de ficção científica, mas como a idéia é muito boa, resolvi correr atrás da patente. Nada de livro. Caso escrevesse, o produto seria copiado, fabricado, vendido e muita gente encheria o cu de dinheiro às minhas custas. A idéia é boa mesmo. Pena que não posso contar, mas posso dar uma idéia, por cima, sem detalhes técnicos; e também não posso dizer para que serve, pois serve para muitas coisas, dependendo do cliente. Não é para pegar, mexer, ligar ou desligar. Não está muito na cara, entende? Só sei que é preciso, não falha, percebe e age. Não é vivo, mas está perto disso. Não, não é sólido. Nem líquido nem gasoso.



Ela tinha olhos de quem havia chorado. Com uma cópia da chave, entrou pela porta da frente e minutos depois voltou com duas malas. Foi embora no mesmo táxi que veio.  Fiquei olhando, por uma brecha da garagem, todo o desenrolar da cena. Nem parecia que era comigo.




O carnaval é uma festa democrática, todos podem participar. Eu sou pobre, muito pobre, mas não gosto de Pitu em lata nem de ficar pedindo goles de cerveja a desconhecidos. Minha festa é olhar, do lado de fora, o movimento dos camarotes, com suas mulheres bonitas e todos os bacanas de fitinhas no pulso. Belas fantasias, maquiagem, espumantes à mão, coxas de fora e um lounge para descansar. O carnaval é uma festa democrática, todos podem participar: ricos e pobres com imaginação. 

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