sábado, 3 de julho de 2010

A volta tuiteira compulsiva

@ Acordei tarde. A sensação de estar perdendo alguma coisa no twitter me deixa angustiada. Não devia estar assim. Afinal, sai de lá às 4 da manhã, depois de uma conversa sem sentido com alguém sem sentido. Nem sei se era mulher ou homem. Tanto faz. Mesmo assim terminamos no MSN, que é uma espécie de motel virtual. Não tenho a menor idéia do que aconteceu. Muito menos o que esta garrafa de vodka vazia está fazendo debaixo do edredom.

@ Só ao abrir o computador descobri que o Brasil saiu da Copa. Aliás, descobri que a Brasil jogou hoje cedo. Não sabia ou esqueci. Todos estão atrás de um culpado, mas minha tarefa é outra: desvendar os mistérios da noite-madrugada passada. Tenho minhas prioridades.

@ (Mas não dá para fugir da Copa: não vi os jogos direito. Fico mais interessada nas fofocas do que nas partidas. O melhor de tudo foi aquele anúncio do supermercado Extra, na Folha de S. Paulo, dando um tchau pro Brasil antes do tempo. Essas coisas me fazem acreditar em teoria da conspiração, desta vez envolvendo o Extra, a Folha, a FIFA, a família Illuminati e o Elton John).

@ Intervalo. Tracei o miojo de uma sentada só, como dizem os críticos de literatura. Na sequência, voltei ao meu conglomerado de comunicação – twitter, Facebook, Orkut, Skype e MSN – atrás de explicações para meus descaminhos no mundo virtual. Não era uma coisa bonita de ver. Nunca me expus tanto em minha vida. Segredos que nem meu terapeuta conhece estavam ali, em 140 caracteres, entregues ao mundo e, especialmente, a uma desconhecida (era mulher), que me tratou como cachorra de baile funk. Foda-se.

@ Tudo estava registrado. Até fantasias de infância, como ligar um liquidificador com um pintinho dentro. Pintinho mesmo – o filho da galinha. Depois, xaveco por escrito e, pluft, sexo virtual. Como fui fazer aquilo? Deixa pra lá. O mais importante, naquela hora, era melhorar o humor e recuperar a memória. Minha TPM tem sintomas clássicos de mal de Alzheimer.

@ Por que essas meninas que escrevem no twitter se lastimam tanto da vida? Nem posso falar, pois faço a mesma coisa. Só lamentos. Não agüento mais viver de projetos culturais, não agüento mais viver só e muito menos acompanhada. Como diz a @harpias, que sigo religiosamente, nasci na época errada. Deveria ter nascido quando a mortalidade infantil era maior.

@ Hoje recebi convite para uma festa. DM simpática. Alguém simpático comigo já é uma novidade. Mas não vou. O tema: anos 80. Quando vão parar com isso?

@ Minha única amiga ligou apavorada. Contou que estava de ressaca. Pior: acordou e achou o quarto estranho. O dela não tinha criado mudo e o computador era de outra marca. “Porra, o que estou fazendo aqui? Essa não é a minha casa”, gritou ela. Eu disse: durma de novo e tente novamente.

@ Quando a noite chegou eu já estava bêbada mais uma vez. Se isso não for alcoolismo é algo ainda grave. Gosto de beber para tuitar e faço isso com gente que segue a mesma linha. Dispirocância geral. Prometi não repetir a dose (ou as doses) amanhã. Irei de Rivotril. Tenho duas caixinhas em casa. É melhor do que ter gatos.

@ Vida destrambelhada. Preciso de mais contato com o mundo exterior. Amanhã vou ao dentista. Não. Amanhã é domingo.

@_lulafalcao

3 comentários:

Parreira disse...

hehehehe, gostei dessa doida. Parece uma Rê Bordosa tecnológica.

Brenda Ligia disse...

sensacional!

Lula Falcão disse...

Obrigado, Brenda. Em breve, quem sabe, ela não estará nas telas?

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