quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ele está de olho é no tuíte dela

Enquanto uma parcela do twitter está ali para manifestar suas predileções culturais, gostos intelectuais, posições políticas, idéias comportamentais e fatos marcantes da vida (tipo "vou tomar banho"), ele surge com um único objetivo: descolar uma gata. Não é o espaço ideal, mas a timeline pode lhe proporcionar as mais liberadas e, por tabela, mais inteligentes. Ao contrário do que ocorre numa sala de bate-papo virtual, a conversa do sujeito em questão não pode ser direta. Passa por algum conhecimento da realidade e talento para construir frases de 140 caracteres em português legível. Não frases reflexivas para todos os seguidores. Mas para uma única vítima, escolhida após longa investigação, que inclui informações off-line e o perfil do Facebook. Afinal, não vale a pena perder tempo e energia com um avatar falso.

Alvo escolhido, mãos à obra. O primeiro mandamento de quem entra no twitter com essa missão é se enturmar com pessoas consideradas legais pela maioria (isso se descobre aos poucos). Ele é prestativo, responde a todos os posts, está longe de preconceitos, mas nunca perde de vista que os meios justificam o fim. E o fim é uma patricinha esclarecida (sim, existe) ou uma gatita dos Jardins, tipo bem-nascida, mas que gosta de zanzar por casas de amigos na Vila Madalena e, vez por outra, freqüenta o Morro do Querosene. Há muito tempo ele está de olho no twitter dela. Ou delas, se for o caso.

Nem pensar em cantadas baratas. O ambiente exige respeito. O ideal é a infiltração sorrateira, à base de algumas sacadas sobre o momento ou algo que ela disse. Não se deve arriscar muito em política. O certo, nesse caso, é o comentário meio blasé porque, no geral, o moço não está interessado em militantes petistas ou tucanas. Está interessado naquele tipo de mulher mais Clarice Lispector do que Marilena Chauí.

Até a primeira DM – o equivalente, no twitter, ao primeiro beijo – muitos caracteres vão rolar. Mas paciência é o que não falta ao nosso personagem. Ele se enfronha sutilmente pelas manhas dela, levando tudo a sério, procurando no Google a informação exata, mas nunca citando terceiros. Um Jabor, por exemplo, é senha para fim de caso. Nem Paul Bowles (pode ser pedante) nem pop art (ela vai tomá-lo por gay e, pior, transformá-lo em amigo). Enfim, mais @brunoaleixo e menos Nietzsche.

O dia “D” é um evento qualquer na cidade. “Apareça lá”, ela diz. A partir daí a sorte está lançada.

@_lulafalcao

2 comentários:

Camaleoa disse...

Histórias da internet. Seja por interesse ou pelo acaso, a verdade é que elas acontecem o tempo todo. Eu, por exemplo, conheci Eduardo Barrox, por conta do meu blog, e me mudei pra São Paulo. Agora, do acaso, quando eu menos esperava, de novo. E ó, lá vou eu de novo mudar de estado. ; )

Anônimo disse...

Pior que é assim mesmo... Você faz pesquisa de campo, é?! Perfeito!! rsrs

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