terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Drogas da nossa infância




Passamos a infância sob pesado bombardeio químico. A arma mais pesada era o Detefon, para matar piolhos, aplicado diretamente no couro cabeludo. A cabeça era coberta por um pano e sentíamos os bichinhos morrerem sufocados pelo veneno. Ficávamos um pouco tontos, mas passava logo. Havia os enlatados, comidos por instrução da revista Bom Apetite; e nossa casa tinha coisas de amianto, espiral Sentinela, BHC para o jardim e remédios hoje proibidos no mundo inteiro. Nas revistas, médicos apareciam em anúncios de cigarro, recomendando o produto.  Não sei como sobrevivemos.

Previsões erradas sobre o passado

O mundo não acabou em 2012, como estava previsto no calendário Maia, mas as TVs a cabo continuam transmitindo programas com cenários do fim do mundo, numa espécie de previsão do passado. Mas há novidades Agora o Armageddon será em 2015 ou 2060. O canal History, por exemplo, mostra programas atrasados, com o apocalipse vencido e anuncia turbulências tectônicas e estelares para a próxima década.  Em outro, enfim, alguém para dizer que o mundo só se acabará daqui a bilhões de anos, quando esse troço (mundo), talvez já não tenha tanto significado.

Funcionalismo

Quem manda viver de prosa? Para escalar a montanha, rumo a um não sei quê, o sujeito sacrifica sua profissão formal ou arranja emprego público, desses em que não exigem tanta assiduidade. No final das contas, sai como uma espécie de incentivo. Machado de Assis não existiria sem o serviço público.

O livro, a peça, o filme ou nada disso

A mulher acaba de ter um orgasmo com um urro. Está sozinha, diante do computador, cuja imagem fica mais nítida quando o palco é iluminado. Logo se vê a bagunça da cena: no chão, caixas de pizza, livros, vibradores e garrafas de vodka – a maior parte vazia – e bagas de baseados. Não tem tom de comédia nem de tragédia. A partir daí, ela começa a contar e a exercer sua existência real e virtual, enquanto tropeça em coisas, bêbada, ou colhe moedas em todos os lugares para dar uma saidinha, entre o primeiro e o segundo ato. A peça, com início mais ou menos assim - ou inteiramente diferente -, é baseada no livro “Todo dia me atiro do térreo”. Conversas em andamento. Se não der, vira um curta ou fica do jeito que está. Nem o cinema nem o teatro vão perder muita coisa. De qualquer forma, “Todo dia...” estará em versão digital, a partir do dia 10 de fevereiro, em lugares como a Amazon, Travessa etc. E o romance “Iberê” já está nas mãos de editores, na fila. Sai neste ano, de um jeito ou de outro.
   
Autopromoção

Sugestão: escritores deveriam usar as redes sociais para escrever colunas sobre seus próprios livros e os dos amigos. Existem poucos cadernos de literatura no País e contratar uma assessoria de imprensa está fora de questão.







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