quinta-feira, 5 de junho de 2014

No vácuo



Está tudo muito estranho porque o lado de dentro não existe mais e estamos do lado de fora, esperando instruções, não se sabe de quem nem quando virão nem temos ideia dessa ocorrência. Perdemos o senso, de direção e os outros, capazes nos guiar nem que seja a lugar nenhum. Portanto, aqui presos, nesse vácuo, torcemos por alguma coisa, qualquer uma, pois não suportamos ficar no estágio atual mais um segundo sequer, seja lá o que signifique um segundo em tal situação.

De algum lugar nos viemos. Podiamos  pisar no chão, sentir o ar, pegar nos objetos. As moças corriam atrasadas para o vestibular e nem ligavam para suas saias suspensas pelo vento;  os homens construíam estrada, alimentavam o gado e emitiam memorandos. Os carros circulavam. A vida era normal no lado de dentro. Ai veio não sei o quê, de repente, sem explicação, e as atividades foram suspensas, sem ordem expressa; suspensas naturalmente, assim como a tato, a visão e a fome também sumiram. Não precisamos desses sentidos agora, seja lá o que signifique agora.

Há especulações vindas do que resta de nós, como o pensamento, e podemos tentar um passo além das reminiscências, uma vez que não contamos com assuntos presentes. Não existe acontecimentos, exceto essa dúvida em nós, ou apenas em mim. Posso estar sozinho neste processo. Talvez possa chamar uma enfermneira

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