sexta-feira, 6 de março de 2015

O poeta Nobre



Forças além de suas forças e forças ainda mais fortes são as que movem o poeta Alfredo Nobre em direção ao desconhecido, à nova poética da energia e da matéria, às coisas vindouras e à explicação sobre nossas existências, conforme ele mesmo escreveu em texto recente. Às vezes forçando a barra – às vezes nem tanto – ele parece em eterna propulsão, jorrando para mesas e plateias o resultado da dramática colisão de partículas criativas.

Nobre acha sua cabeça e seus processos merecedores de total divulgação e, por isso, a cada momento joga na roda uma frase-conceito, um haicai perfeito, um soneto liquefeito, além de outras rimas e não rimas capazes de mudar a literatura sobre a Terra. Para ele, algumas de suas manifestações conseguem resumir, alinhar e principalmente acrescentar muitas notas ao que passou e se passará, desde o rebuliço de aminoácidos que deram em vida até as questões tecnológicas de hoje.

Tornou-se comum achar-se que suas observações são de fato geniais, e embora tenha furos na lógica e passagens de pouca elegância formal, ainda assim, e mesmo com algumas frações piegas, o trabalho do Alfredo Nobre ecoa e se reproduz entre seu fiel e pequeno público.

Agora, ele está numa fase cósmica, tentando desvendar, poeticamente, alguns segredos do universo. O que existia antes do big-bang? Qual a possibilidade de outras dimensões? Os temas são panorâmicos, sem dúvidas, mas a solução poética não se aplica ao mundinho da Física. Seus leitores, no entanto, tratam as considerações de Nobre, em forma de versos ou não, como manifestação de ciência pura.
Eis, então, o personagem: sua mente está distante, nos confina do universo e da alma, esperando sempre um raio de inspiração capaz de lhe conceder o direito a uma teoria de tudo.

Incrivelmente, o poeta não é pedante, como se pôde transparecer. Ele acredita piamente no que fala, em voz alta, quando está bêbado ou sóbrio, e só desempenha o papel de profeta – e, com menos frequência, de Deus – por necessidade de transmitir ao próximo o conteúdo gerado em seu amplo espaço interior. Assim, espera espalhar uma poesia de luzes sobre este e outros mundo.
A nata desta cidade deu a Alfredo Nobre todas as insígnias literárias municipais, além de um emprego em que possa sustentar sua iluminação e gloria. 



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