quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Jornal de ontem 1

Na preparação da Copa de 1978, na Granja Comary, o jornalista Eduardo Bueno (Peninha), hoje conhecido por seus livros sobre a história do Brasil, organizou um jogo de futebol entre jornalistas e a comissão técnica da Seleção Brasileira. Resultado: 4 x 0 para o pessoal da antiga CBD, presidida na época pelo brigadeiro Heleno Nunes. Peninha, no entanto, reuniu os colegas para deliberar um resultado menos vergonhoso a ser divulgado. Goleada não. Escolhemos 1 x 1 e assim saiu na imprensa. O assistente técnico Admildo Chirol ficou uma fera, especialmente quando viu, pregado no quadro de aviso do Hotel Higino, a análise das atuações. Os jornalistas apareciam como craques e os craques como pernas de pau. Peninha, goleiro, destacou sobre si próprio: “Mais inspiração do que Rimbaud no auge da adolescência”.

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Varadero, Cuba, 1994. Um grupo de jornalistas estrangeiros – brasileiros inclusive - foi convidado para uma coletiva com Hosmany Cienfuegos, ministro do Turismo, no Hotel Meliá. Eu estava no Estadão e faria uma série de matérias sobre política e comportamento na ilha. Feita a entrevista com Hosmani, recebemos, no dia seguinte, mais um convite para nova entrevista com o ministro. Quase ninguém quis ir. Os poucos que foram deram sorte. De repente, no parlatório, vestido com seu tradicional uniforme militar, aparece Fidel Castro. Quase três horas de entrevista e delírio de alguns jornalistas, que batiam palmas a cada fala do comandante. Mais emocionada, uma repórter espanhola, reagiu de forma desconcertante diante da presença do ídolo: fez xixi nas calças.

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Queda do o Boeing 737-200 da Varig no dia 3 de setembro de 1989. O local era de difícil acesso. Da imprensa, eu e o fotógrafo Antônio Ribeiro, então colega da Veja, fomos os primeiros a chegar à clareira aberta numa área de floresta perto de São José do Xingu, na Serra do Cachimbo. O comandante do avião errou a rota, no voo Marabá-Belém, e teve que fazer um pouso forçado às 21h0h, no meio das árvores. O impacto contra as árvores causou a morte de 12 ocupantes e ferimentos em outros 42. Na chegada, o susto. Passageiros encostados em árvores, gemendo de dor, cheiro de morte vindo de dentro do avião e alguns pedaços da fuselagem espalhados no matagal. O comandante Garcez, autor da mancada e da façanha, já tinha ido embora. Ficou uma parte da tripulação. No meio da tragédia, uma imagem difícil de definir: uma jovem e bela aeromoça, de biquíni, tomava banho no rio das proximidades.

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