terça-feira, 4 de maio de 2010

Teatro falado

Nunca tinha ido a uma leitura dramática de uma peça. Aliás, quase nunca vou ao teatro. Na segunda-feira (03) fui ao MASP ver “Dirké, Leane e Melampus”, do projeto “Letras em Cena”. Estavam lá Hamilton Vaz Pereira, o autor, e os atores Tuca Andrada, Ligia Cortez, Maria Manoela e Paula Cohen. O texto, recitado pelos cinco, sentados diante da plateia, causou um estranhamento inicial. Com o tempo, a leitura parecia tão natural a ponto de quase ninguém sentir a falta de cenários. Acho que a coisa poderia acabar ali. Não precisaria montar o espetáculo. Bastaria lê-lo.

Mas nesse caso não seria teatro; seria literatura. Tudo bem. Mesmo porque não sei como o Hamilton irá resolver cenograficamente a história de três mulheres devoradoras que encontram um homem em situações e locações complicadas: à beira de um precipício, no Shopping Higienópolis, em um bar paulistano, na floresta Amazônica e numa tribo de fêmeas canibais. Em todos os cenários, a nova condição feminina é destrinchada em detalhes muito crus: erotismo sem meias palavras, conflito cidade – mundo selvagem, gente virando bicho. A pontuação de Hamilton estava perfeita, com uma narração elegante e ao mesmo grandiloqüente.

O autor poderia desistir da peça e optar por um livro. Mas os atores fariam falta, especialmente a competente e bela Maria Manoela. Daria um filme, mas não é a praia de Hamilton. Por que então não ficar do jeito que está, como teatro falado ou literatura teatralizada?



_lulafalcao

Nenhum comentário:

Postar um comentário