sábado, 9 de abril de 2016

Curvatura


Mundo carregado de indecisões e pânico. Enquanto avalio o risco de tantos entretantos, tento adiar o beijo nos lábios de geometria difícil, pois eles se curvam e brilham sem batom e nada insinuam além de apenas existirem. Suficiente para o desejo ir em frente, sem saber se é perto ou longe. A luminosidade engana, conforme aprendi ontem, e penso agora, nesse encontro que pode terminar em salvação ou calvário.

O problema é o que acontece depois. São lábios de cinco dimensões, e de outras extras, escondidas, e não se pode beijá-los por diversão, apenas, sem oferecer-se à possibilidade do abismo. A partir do beijo, a coisa muda. Porta do desconhecido. A vida por um fio.

Mesmo assim pode valer a pena, eu pensei, seguindo segundos para perto do rosto-boca, este esperando e também em dúvida. Seria um percurso previsível e natural, dentro das teorias, mas armou-se uma proteção silenciosa, infinitesimal, no momento X.   

Operação abortada.


- Como eu ia dizendo... – eu disse, enquanto retornava meu rosto à origem.

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