sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Amore

Vamos, acorde, agora, é hora, pare de apertar o botão de soneca.
Passou do meio dia, faz sol, vou abrir a janela. Um, dois, três.
Tanto tempo na cama – isso e TV ligada. Abre os olhos só para
escolher voltar a dormir e quando levanta para ir ao banheiro
sai cambaleando como se não conhecesse a casa.

Ainda não abri a janela porque seu corpo está imóvel. O remédio
ainda não bateu – são quinze dias -, mas você poderia cooperar,
apelando para uma daquelas suas qualidades. Nessas horas,
serve até espírito crítico. Pense na aporrinhação das pessoas
preocupadas com seu estado; pense na sua imagem, amore.
Hoje em dia estão de olho em você, o tempo todo, observando
algum sinal de anormalidade. Você não pode, amore, continuar
assim, variando, ora desatenta, ora irritada. Quando não é isso,
está dormindo. Como agora, e não acorda. Acorda, amore.

Fosse no  meu tempo iriam confundir com preguiça. Pagava mal;
agora é depressão, eu sei, sabemos. O problema é que o povo não
sabe, é preciso disfarçar, manter a linha, segurar a onda. Não
beba, não conte histórias longas, fale baixo. Mas primeiro você
precisa acordar.  Tome banho, vista uma roupa, vamos embora.

Porra, amore.

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