sábado, 5 de setembro de 2015

Comida


Enquanto viveu, o Diabo amassava uns pãezinhos deliciosos. Em seu auge, Lúcifer, em pessoa, servia ciabatas e brioches fumegantes, saídos do forno-inferno, e ainda tinha manteiga, derretida sobre a crosta crocante, Cream crackers, Krathong-thong estalantes nos dentes, untando-se no palato ao ponto, massa perfeita; e outros com lavas de mel, os pães doces, variados, internacionais, como kringel da Estónia, sem contar os recheados com figo. O Diabo nos servia até mesmo comidas desconhecidas naquele tempo.

Jesus também entrou no ramo alimentício com igual disposição, transformando cinco pães de cevada e dois peixinhos no primeiro bandejão da história, suficiente para alimentar uma multidão, conforme nos contam os quatro evangelhos canônicos, com informações gastronômicas de Mateus, Marcos, Lucas e João. Cinco mil pessoas saíram satisfeitas com a refeição. Houve outra experiência-milagre para um público menor, quatro mil comensais, mas a farra culinária foi interrompida até a Santa Ceia, cujo cardápio variado e farto ainda hoje nos dá água na boca. Tinha peixe com molho agridoce, pão ázimo, carne de cordeiro, guisado de Esaú, salada de aipo, ervas amargas e, na sobremesa, compota de frutas com mel. Nada mais justo para um último repasto.


Desde então não existe mais almoço grátis.

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