sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Escrita

Qualquer candidato a escritor em busca do tempo perdido é capaz de tudo. Ao chegar a determinada fase da vida, escrever um livro torna-se uma urgência. A hora do tudo ou nada, é ali, por volta dos 50. Alguns buscam o difícil caminho do romance. É um erro. Fracassou nessa parada, só a morte aponta na frente. O segredo é começar por algo mais leve, compendiozinho do blog, observações sobre a vida cotidiana e até desdobramentos dos 140 caracteres do twitter. O mundo do livro tornou-se bem mais maleável.

Nesse novo universo, cabe tudo e ainda bem. Pode-se, por exemplo, passar páginas e mais páginas apenas perorando sobre a arte de escrever e no final justificar que a história da construção de um livro também é livro e é hora de correr para a publicação. Alguns amigos vão comprar, a festa prossegue num bar da esquina e parece que tudo acaba logo. Não. O autor, enfim, será confortado com o ingresso numa nova categoria: a dos escritores. Já pode, no caso de muitos, apresentar-se como escritor e jornalista, posto que a segunda profissão, embora lhe mantenha vivo, não tem de longe o glamour da primeira. Com o escritor não é assim; ele se sente um princípio da incerteza e uma singularidade num único homem – e gosta disso.

Agora ele já fala por ai que está louco para deixar o trabalho formal e dedicar-se apenas aos livros. É só desejo, mas desejo de escritor.

@_lulafalcao

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