segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A tuiteira vira produtora de vídeo

@ Nunca tive a pretensão de escrever nada esteticamente precioso ou relevante enquanto tuitei para o sex shop do centro. Agora, como produtora de vídeo, sigo na média, num curso natural, que tem mais a ver com o meio em que passei a viver do que com talento ou qualidade do meu trabalho. Pra encurtar: adotei a mesma profissão da maioria das minhas conhecidas. Tem horas que penso que o único jeito de uma mulher com meus predicados ganhar a vida é como tuiteira ou produtora de vídeo. Faça as contas: chegue num bar desses ai e peça para quem for produtora de vídeo levantar a mão. O resultado vai surpreender.

@ As produtoras de vídeo têm incríveis capacidades. A primeira delas é a de esconder quanto ganham. Tanto as que ganham muito quanto as que ganham pouco ou quase nada. As moças do primeiro time são enigmáticas na arte da esconder a pequena fortuna. Não pagam nada pra ninguém e vivem em bocas livres. Mas só pra disfarçar. Já as do segundo time se fazem de pobres, para pensarem que elas estão fazendo gênero, quando na verdade elas são pobres mesmo. Meu caso.

@ Uma produtora pode ser simplesmente uma fazedora de projetos para lei de incentivos, como eu era antigamente. Apenas esteve no lugar certo e na hora certa para ganhar a nova patente. Pode ser viagem minha, mas não tenho encontrado muita gente que não seja produtora de vídeo ou de cinema, assessora de imprensa, gestora de mídias sociais ou animadora de festas infantis. Todas como eu enchem a cara com freqüência (diária) e conhecem as mesmas pessoas (homens na maioria dos casos) que podem dar uma mão em troca de algumas frases espirituosas ou de sexo. Nada assim, como comentam que acontece nas redes de TV (é boato, viu). É algo mais namoro-amizade em que as partes, às vezes, até sofrem de verdade.

@ As coisas melhoraram pro meu lado sem que eu tivesse que mexer uma vírgula no meu comportamento insano. Mesmo depois de ter conhecido um diretor bem-sucedido, autor de muitos comerciais que você já deve visto na TV. Certo, é varejão, mas dos bons. Aos poucos eu vou chegando lá, na casa dele. Umas pecinhas vão ficando no guarda-roupa e, logo, logo, finco minha bandeira no território do moço: calcinhas penduradas no banheiro.

@ A invasão se dá de forma sutil. Um dia ele me pergunta por que eu não durmo lá. Devolvo: “Vou vestir o que amanhã?” Não fico e, atendendo a pedidos, apareço no dia seguinte com uma pequena mudança. O laptop vai junto. Devagar, o estoque íntimo desembarca também. Até o material que ganhei do sex shop, à quisa de indenização, entra no balaio. Pensei em botar a loja na Justiça, mas o dono, meu ex-amigo, fez um acordo: no lugar do FGTS, me deu um hand finger, dois “I Rub my Duckie” e um micro vibrador Byzz Pleaser com 7 velocidades e à prova d’água. Equipamento útil. Meu diretor sempre chega cansado em casa.

@ Enfim, me estabeleci. Até quando, não sei.


@_lulafalcao

Nenhum comentário:

Postar um comentário