quinta-feira, 3 de junho de 2010

Presidentes, eleições e copas

Quem foi o presidente brasileiro que mais ganhou copas do mundo? A pergunta ganha algum sentido porque a coincidência do torneio com as eleições sempre suscita outra pergunta: se a seleção vencer, qual candidato será beneficiado. Pela lógica seria o do governo. Mas nem sempre é assim. Nem mesmo na guerra é assim. Winston Churchill, por exemplo, ganhou a mais pesada de todas elas, a Segunda, e em seguida perdeu a eleição na Inglaterra.

No Brasil, em termos futebolísticos, o mais azarado foi Getúlio Vargas, que passou 18 anos no poder, à custa da ditadura do Estado Novo, e não chegou a ver uma única vitória do Brasil na Copa. Perdeu as de 1934 e 1938. Teria mais chances se a Guerra – 1939 – 1945 – não tivesse cancelado a disputa de 1942. Getúlio voltaria ao poder, pelo voto, em janeiro de 1951, mas se matou dois meses depois de o Brasil ver a seleção de Julinho, Didi e Nilton Santos ser derrotada em 1954 (Não foi por isso, claro, que ele deu um tiro no coração). Antes dele, Washington Luis já havia perdido a de 1930 e, depois do Estado Novo, Eurico Gaspar Dutra saiu-se derrotado na mais trágica de todas as copas – a de 1950 -, quando o Brasil deixou escapar o título na final com o Uruguai. Em pleno Maracanã.

Em 1958, quando o Brasil ergueu a Jules Rimet pela primeira vez, o presidente era Juscelino Kubitschek. Quatro anos depois, João Goulart ganhou a copa, a de 1962, mas não deu sorte. Foi deposto pelos militares em abril de 1964. Na de 1970, o a do Tri, quem governava o País era o general Emílio Garrastazu Médici. Outra vitória mundial só viria em 1994, durante o governo de Itamar Franco. Sorte dupla de Itamar, que era vice de Fernando Collor e assumiu a Presidência com o impeachment do titular.

Na história recente, Fernando Henrique, que não gosta muito de futebol, levou a de 2002, e Lula, que adora, perdeu a de 2006 e torce para que a seleção volte da áfrica do Sul com o título. No íntimo, deve levar em conta esse placar desfavorável em relação a FHC, mas ainda tem chances de sair do cargo com um título. Com certeza sonha não apenas com vitória de Dilma, mas com o triunfo de Dunga.

O moral da história, se é que deveria ter alguma: as copas pouco influenciam a política, que é jogada em outros gramados, muito mais congestionado do que o meio campo da atual seleção. Outra conclusão, só a título de curiosidade: nunca, na história deste País, um presidente foi bicampeão.

@_lulafalcao

Nenhum comentário:

Postar um comentário